Diante de perdas na agricultura que devem chegar 40% da receita com a soja em Mato Grosso do Sul, o Governo do Estado alinhou com o Ministério da Agricultura ajuda ao setor que vive uma crise por conta de quebra na produção e estiagem. Em reunião na manhã desta quarta-feira (6) com o governador Eduardo Riedel e representantes do setor, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, sinalizou que os setores de soja, milho e bovinocultura de corte e leite deverão ser atendidos com medidas de apoio. A expectativa da União é anunciar as ações em 15 dias, antes do fim da colheita da safra de grãos, para minimizar impactos do clima e do mercado na produção agropecuária neste ano.
Nesta safra foram cultivados em Mato Grosso do Sul cerca de 4,2 milhões de hectares de soja e a estimativa de produção é de 54 sacas por hectare. No entanto com a alta nos custos de produção e a estiagem, muitos agricultores estão colhendo menos que o previsto. Isso tem provocado grandes perdas na receita dos produtores e endividamento do setor. O cenário levou o Governo do Estado juntamente com as entidades produtivas a solicitar apoio urgente do Governo federal.
Após as demandas de todo o Brasil, o Mapa prepara medidas que incluem a prorrogação de parcelas de investimentos com vencimento em 2024 e a disponibilização de linha de capital de giro em dólar via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com carência de dois anos e prazo de três anos para pagamento.
A equipe econômica tem tentado destrinchar as parcelas de investimentos contratadas com recursos equalizados que vencem neste ano — a maioria no segundo semestre — e que somam R$ 28,1 bilhões, montante total que estaria passível de prorrogação.
Na reunião que contou com a participação além do governador Riedel, do secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico e Sustentável da Semadesc, Rogério Beretta, o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, o presidente da Aprosoja MS, Jorge Michelc, e o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Soja, André Dobashi, o ministro esclareceu que o Governo federal vai anunciar as medidas de apoio financeiro ao setor rural nos próximos dias.
A meta segundo ele é antever a “crise iminente” no campo e anunciar ações de ajuda aos produtores antes do fim da colheita da soja. A intenção é evitar agir apenas depois que se instale um ambiente de endividamento e de seus efeitos colaterais. O ministro também já considera que a segunda safra de milho será menor que o projetado inicialmente.
“Queremos viabilizar um apoio ao produtor rural nesse momento difícil, e o ministro Fávaro nos passou em primeira mão agora todas as ações que estão sendo feitas pelos setores produtivos, pelos governos, pelo Ministério da Agricultura para encontrar estratégias e alternativas. Duas grandes soluções estão na mesa. Não são definitivas, mas ajudam o produtor nesse momento”, destacou o governador.
Uma das propostas discutidas é jogar a parcela de investimento deste ano para o fim do contrato ou redistribuí-la nas prestações restantes, com a manutenção das condições iniciais de juros. “A primeira medida que a equipe está estudando é a renegociação das parcelas de investimento que vão vencer nesse ano pagando juros e parcelando para frente ou colocando no último ano do vencimento do contrato, dependendo do prazo e também novas linhas de crédito em dólar para que o produtor possa rodar a sua atividade”, salientou Riedel.
Ele reiterou que o Governo do Estado acompanha atentamente o desdobramento das ações. “Nós estamos atentos, conversando com todo mundo sobre essa situação. Neste momento é importante que a nossa bancada federal está presente e atuando nessa discussão, assim como a nossa bancada estadual na Assembleia Legislativa. Parlamentares participando diretamente para que a busquemos soluções para esse difícil momento”, salientou o governador.
O secretário-executivo da Semadesc, Rogério Beretta avaliou as medidas como positivas. “É uma forma de minimizar as perdas que os produtores já estão vivendo com a safra de soja, que está perto dos 60% concluída no Estado”, pontuou lembrando que a estimativa é que sejam colhidas 12,5 milhões de toneladas de soja neste ano, abaixo dos 15 milhões de toneladas do ano passado.
Para o presidente da Câmara Setorial da Soja, André Dobashi as medidas são um esforço do Governo para atender o setor produtivo. “Muito mais do que falar de medidas que mitigam os problemas da estiagem, da crise no setor. O que temos percebido lá na Câmara Setorial é que o governo quer uma linha direta entre a produção e o Ministério da Agricultura. Não só para demandas como a redução dos prejuízos com a estiagem mas também de demandas em relação a incremento produtivo, a tecnologia e a sustentabilidade”, concluiu.
Rosana Siqueira, da Semadesc
Fotos: Álvaro Rezende